quinta-feira, 15 de julho de 2010

Está cada vez mais difícil achar água potável

Uma de nossas necessidades mais básicas, a água potável, um recurso ameaçado e que nos leva a dados preocupantes, onde muitos países já sofrem com sua escassez, e até mesmo o Brasil possuidor de grandes reservas (destaque para o Aquífero Guarani) pode ter problemas futuros.


"Para enfrentar de forma efetiva o problema da crescente crise da água será preciso vincular o seu uso à atenção ao meio ambiente."

Por Vinod Thomas e Ronald S. Parker*


A tarefa de fornecer água de boa qualidade onde ela é necessária está se tornando cada vez mais difícil em todo o mundo. Nas últimas décadas, os países têm feito investimentos em infraestrutura para aliviar a escassez, mas até agora, na maioria dos casos, a resposta a essa questão deixou de considerar o problema suscitado pela deterioração que os recursos hídricos vêm sofrendo. Para enfrentar de forma efetiva o problema da crescente crise da água será preciso vincular o seu uso à atenção ao meio ambiente.

Em muitos lugares, mesmo onde a água ainda é abundante, a destruição ambiental tornou caro demais o seu uso. Em outros que desfrutam um bom suprimento de água, ela é usada de maneira imprópria. As prioridades podem ficar de tal modo viciadas que, embora as cidades continuem desesperadas à procura de água, agricultores estão irrigando árvores frutíferas ou plantações de algodão no deserto. Ainda menos aceitável é que a água potável esteja sendo usada para manter jardins e campos de golfe, enquanto os pobres urbanos são forçados a pagar caro por ela, a qual compram em baldes.

Por causa disso, cerca de 700 milhões de pessoas em mais de 40 países são afetadas pela escassez. A intromissão humana nos ambientes hídricos é também um problema crescente. Até 2030 a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que 75% da população mundial estará vivendo em áreas costeiras, pondo em risco as terras úmidas que ajudam a limpar o ambiente aquático, além de expor centenas de milhões de pessoas aos riscos relacionados com a água associados às mudanças climáticas.

O Banco Mundial é o maior financiador oficial de investimentos em água nos países em desenvolvimento. Os compromissos de empréstimo na última década somaram por volta de US$ 55 bilhões, com a China e a Índia no topo da lista de mutuários, seguidas pelo Brasil e pela Indonésia. Os projetos hídricos, cobrindo da irrigação e da hidroenergia à gestão de mananciais e vias aquáticas interiores, mostraram nos últimos anos maior sucesso do que outros setores na realização de seus objetivos.

Perdura, no entanto, o desafio de atender às atuais necessidades de água e implantar, ao mesmo tempo, estratégias inovadoras para tomar em conta as futuras necessidades. As áreas de ênfase caem em cinco campos principais ao longo do eixo do desenvolvimento aquático e da gestão ambiental.

Primeiro, o grupo que mais sofre a escassez de água consiste de 45 países, dos quais 35 são da África, que tem pouca. É necessário que a sustentabilidade hídrica se torne central nos seus planos de desenvolvimento, com medidas dimensionadas para atender às suas necessidades urgentes. Mesmo países ricos em água, como o Brasil ou a Tailândia, podem vir a enfrentar deficiência, ao caírem os níveis em represas e de fontes naturais.

Segundo, os lençóis aquáticos subterrâneos estão cada vez mais ameaçados por exploração excessiva, fluxos ambientais inadequados e contaminação. O esgotamento mais grave de águas subterrâneas ocorre no Oriente Médio, no norte da África e no sul da Ásia. Os esforços necessários abrangem monitoramento da qualidade da água, melhoramento dos aterros sanitários e redução da infiltração de águas superficiais contaminadas nos lençóis freáticos.

Terceiro, a restauração de ambientes degradados pode ter grandes impactos. Um projeto de proteção de terras úmidas costeiras no Vietnã, por exemplo, ajudou a reduzir a área de erosão costeira em nada menos que 40%.

Quarto, as Nações Unidas estimam que 1,8 bilhão de pessoas ainda não terá acesso ao saneamento básico em 2015. Será preciso colocar mais ênfase não somente em soluções de baixo custo no saneamento básico, mas também em ligações domiciliares aos sistemas sanitários. Entre os países em desenvolvimento, registrou-se o maior progresso na Ásia oriental.

Quinto, os investimentos em abastecimento de água precisam ser combinados com a gestão da demanda. A agricultura é a maior usuária na maioria das situações, nas quais tecnologias que melhoram a eficiência não são suficientes para melhorar o uso da água. Uma recuperação de custos maior em projetos hídricos seria útil. Estabelecer cotas e forçar o seu uso no consumo de água, um enfoque relativamente recente, merece cuidadosa avaliação.

Mesmo quando são reconhecidas, tem sido difícil converter tais prioridades em ação. Quando os atores-chave se sentam à mesa para negociar a distribuição de água, o meio ambiente fica esquecido. Raramente existe apoio à recuperação de um aquífero em declínio se ainda se pode extrair água dele, à restauração de faixas úmidas protetoras ou à manutenção de um fluxo suficiente num rio, para que a fauna silvestre possa sobreviver e a intrusão salina, ser prevenida.

O apoio político à reforma é muitas vezes dificultado por graves lacunas na compreensão da situação hídrica de um país. Melhores dados, monitoramento sistemático e divulgação dos achados são essenciais para a mobilização de recursos e a ação. O compartilhamento de conhecimentos apoia, assim, os desembolsos financeiros e possibilita melhores resultados no terreno.

Uma maneira de abrir uma janela de oportunidade seria apoiar processos de monitoração que mandam informações relevantes aos interessados públicos e privados. O exemplo do Brasil mostra que, tornando dados de água disponíveis para o público na internet, isso ajuda a aumentar a preocupação dos interessados, o que também ajuda a mobilizar a vontade política necessária para confrontar problemas de águas arraigados.

*Respectivamente, diretor-geral e consultor no grupo independente de avaliação do banco mundial (Washington D.C.).
 
Este artigo foi publicado originalmente no jornal O Estado de São Paulo. (14 de julho de 2010)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Países devem acelerar políticas para atingir Objetivos do Milênio em 2015.


Nações Unidas, 17 jun (EFE).- O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) expressou hoje um otimismo moderado sobre o cumprimento em 2015 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), da mesma forma que pediu aos países que "façam mais" e acelerem as políticas na luta contra a pobreza.


As iniciativas realizadas no Brasil e México com programas como o Bolsa Família foram apresentadas como exemplos, já que aumentaram tanto as inscrições como os níveis de assistência nos centros escolares e diminuíram o trabalho infantil.

A administradora do Pnud, Helen Clark, divulgou hoje uma avaliação dos ODM realizada em 50 países, na qual destaca que houve "uma notável redução em matéria de pobreza no mundo".

Ela acrescentou que foram alcançadas melhoras significativas em matéria escolar, na redução da mortalidade infantil e materna, assim como no aumento de tratamentos contra o HIV e na garantia à sustentabilidade
ambiental.

Para conseguir cumprir estes objetivos, que a ONU revisará em uma cúpula em Nova York de 20 a 22 de setembro, o Pnud recomendou aos países que apoiem um desenvolvimento controlado e participativo, consigam que o crescimento econômico seja inclusivo e gere emprego e façam mais investimentos públicos em saúde e educação.

Também aconselhou a melhoria das oportunidades para as mulheres, a adesão à energia com baixas emissões de carbono e cumprimento dos compromissos em ajuda oficial ao desenvolvimento.

"Apesar de alguns países terem cumprido com seus compromissos, outros podem fazer mais", afirmou o Pnud.

No tema de pobreza, a agência da ONU advertiu que, embora de maneira geral a proporção de pessoas pobres tenha diminuído, os números aumentaram na Ásia Meridional e África Subsariana, e diminuíram na América Latina, principalmente no Brasil.

Sobre isto, em março, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou que os ODM não serão cumpridos em 2015 a menos que a comunidade internacional redobre com urgência os esforços para reduzir a pobreza extrema no mundo.

Segundo dados do Pnud, ainda há quase 1 bilhão de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia.

O relatório afirma, além disso, que os países que reduziram com rapidez a pobreza não estão necessariamente tendo os mesmos progressos em matéria de igualdade de gênero e de sustentabilidade.

Igualmente apontou que o crescimento econômico diminuiu em muitos países juntamente com uma redução de investimentos estrangeiros diretos, das remessas, do índice de exportações e da quantidade de turistas, o que ocasionou grandes perdas de empregos.

Além disso, considerou que "é necessário abrir com urgência os mercados às exportações dos países menos desenvolvidos, especialmente para produtos básicos não primários".

Recomendou, igualmente, "políticas macroeconômicas expansionistas, centradas na produção real e nas metas de emprego, de modo a aumentar o investimento público, melhorar o acesso ao crédito e promover as exportações".

Os países em desenvolvimento têm que ter, segundo a ONU, políticas para atingir múltiplas metas, além de manter baixos níveis de inflação, utilizar diversos instrumentos macroeconômicos e não depender excessivamente das variações monetárias.

No tema de saúde, o relatório adverte que a falta de progressos na luta contra o vírus HIV prejudica os adiantamentos relativos à mortalidade materna e infantil.

O documento também assinala que as intervenções específicas dos Governos com programas de proteção social e de emprego são essenciais para acelerar a conquista dos ODM.

O Pnud divulgou, além disso, que os países mais pobres que eliminaram o pagamento de matrículas e fizeram reformas educativas conseguem maiores taxas de presença escolar no ensino primário.
 
 
FONTE: UOL Notícias

domingo, 4 de julho de 2010

Stakeholder, esse desconhecido

Interagir com os diversos públicos é o desafio para as empresas que querem manter relação de transparência com seus investidores e com a sociedade.
Acabou o “business as usual”. Ou seja, a maneira de fazer negócios e de gerir empresas mudou, e mudou muito para as organizações que pretendem se manter na ativa neste século XXI. Uma das transformações mais radicais está na forma como as empresas se relacionam com seus diversos públicos, ou stakeholders. Antes era simples decidir quais eram os grupos de interesse das empresas: resumiam-se a acionistas, funcionários, colaboradores e clientes. Hoje, definir quem são as pessoas e comunidades com as quais as empresas devem manter relações privilegiadas, quais opiniões são importantes e quais ações podem impactar de forma tangível ou intangível a empresa é um desafio ainda em aberto para muitas organizações.
Para muitos especialistas, a maior parte das empresas ainda não sabe como estabelecer um diálogo franco com seus stakeholders, diz o jornalista e consultor de empresas Fernando Rios: “É fácil quando a conversa é sobre dinheiro, com acionistas ou clientes, mas torna-se difícil quando envolve a sociedade”. As empresas, segundo Rios, não sabem ouvir as demandas sociais e, algumas vezes, não acreditam que tais demandas sejam legítimas ou tenham a ver com seu negócio. “Às vezes, é necessária uma intervenção da mídia para que as organizações cumpram seus deveres”, explica.
O jornalista e consultor em sustentabilidade Luciano Martins Costa menciona algumas dificuldades adicionais para que as empresas identifiquem claramente seus stakeholders. Para ele, em alguns setores esses personagens migram, trocam de posição em termos de relevância conforme a época do ano, ou conforme o estágio de um projeto ou produto. E cita como exemplo a relação entre grandes varejistas e seus clientes no momento de vendas maciças, como o Natal, e a natureza dessa relação no pós-venda. “No setor de mineração, como deve ser encarado e tratado quem vive numa favela à margem da ferrovia que transporta minérios? É um stakeholder? Como estabelecer e manter relações com ele e criar uma parceria para evitar acidentes que possam paralisar o fluxo de trens? Pouquíssimas empresas têm estratégias que contemplem essas sutilezas”, afirma.
Uma das maneiras consideradas mais eficazes de relacionamento com múltiplos públicos é estabelecer canais de comunicação de mão dupla. Vilmar Berna, um dos mais conhecidos jornalistas que cobrem temas socioambientais no Brasil, ganhador do prêmio Global 500 das Nações Unidas, vê na comunicação o calcanhar-de-aquiles desta relação. “Ainda há a cultura do ‘nada a declarar’, outras ainda acreditam na filantropia na relação com a sociedade, financiam projetos irrelevantes e acham que, com isso, estão comprando a lealdade de seus interlocutores”, explica. Para Berna, seria muito mais fácil se, ao errar, a empresa buscasse o diálogo com os públicos atingidos, montasse um sistema de monitoramento que incluísse a sociedade. “Isso cria um vínculo de confiança e respeito mútuo entre os stakeholders e os gestores da empresa”, explica.
Na construção de relatórios de sustentabilidade, uma das etapas é justamente o diálogo com os stakeholders. É parte do que os especialistas chamam de “materialidade” das ações relatadas. As empresas precisam validar aquilo que relatam junto a seus públicos, e este é um momento de muita expectativa e alguma tensão. Segundo Aron Belinky, também consultor em responsabilidade social, existe falta de preparo das organizações na hora de ouvir. “Algumas vezes a empresa ouve, mas não sabe o que fazer com a mensagem que recebeu, outras vezes as pessoas encarregadas de ouvir não gostam do que escutam e engavetam a mensagem”, explica. Ele acredita que as empresas não veem nessas práticas uma distorção e que “elas são normalmente explicadas com chavões do tipo ‘não podemos prejudicar nossas metas’, ou ‘o que foi dito não era importante’”, conta, com a experiência de quem já participou de centenas de reuniões com empresas.
Para o professor Evandro Ouriques, coordenador do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a questão das relações entre a empresa e seus públicos é cultural. “É preciso mudar as mentes para que as pessoas comecem a pensar de forma diferente nos processos de relacionamento e tomada de decisões”, diz. Ele criou uma metodologia de trabalho chamada Gestão da Mente Sustentável, em que procura alinhar palavras a atos concretos. Dessa forma as pessoas e empresas passam a atuar com foco mais objetivo e com maior possibilidade de sucesso. Ele acredita que uma interação organizada a partir de fatos e atitudes pode ser mais eficiente do que simplesmente discursos e intenções.
O fato é que as empresas estão muito despreparadas para incorporar opiniões contrárias aos seus interesses e reagir de forma positiva em relação a elas. Esse certamente é o grande avanço necessário nos próximos anos, e os relatórios de sustentabilidade jogam o tema sobre a mesa. Empresas inteligentes vão perceber que, antes de críticas, as opiniões contrárias são importantes dicas de como agir em um mercado em constante mutação. (Envolverde)
Material produzido em parceria pela Envolverde e pela revista Razão Contábil.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Objetivos do Congresso

Objetivo Geral
Ampliar o debate sobre responsabilidade socioambiental nas organizações, bem como, através da rede de transformação social que envolve o meio ambiente, os direitos humanos, as práticas de trabalho, a governança, as questões dos consumidores, o envolvimento da comunidade e práticas justas de operação.

Objetivos Específicos
- Propiciar um ambiente para a troca de informações, experiências, novas ideias e conhecimento entre os professores, pesquisadores, estudantes, profissionais nas mais variadas áreas e atuação;
- Apresentar a responsabilidade socioambiental como uma competência a ser incorporada pelas organizações, destinada à promoção da sustentabilidade organizacional, bem como ao desenvolvimento local sustentável;
- Disseminar a cultura de responsabilidade socioambiental junto às empresas e suas cadeias de valor, com isso, instigar a promoção de novas ideias e práticas que contribuam para a preservação do meio ambiente, bem como maior conscientização no que se refere a responsabilidade Social;
- Desenvolver a cultura de responsabilidade socioambiental nas organizações;
- Estimular a produção de trabalhos científicos e processos inovadores que propulsionem a pesquisa e o desenvolvimento intelectual no que refere a Responsabilidade Socioambiental e temas correlatos;
- Criar um espaço para que profissionais e pesquisadores possam apresentar seus estudos e pesquisas, provocando a troca de experiências através das áreas temáticas do evento;
- Promover reflexões de ordem científica e técnica, favoráveis à construção das práticas modernas e inovadoras na área socioambiental;
- Propagar a informação por meio de recursos que facilitem a divulgação dos trabalhos científicos e processos inovadores nas seguintes áreas temáticas: ...
- Permitir o fortalecimento e a ampliação das redes de relacionamentos entre os participantes, fortalecendo o elo entre o empresariado, a produção acadêmica e a sociedade.

Data da realização está sendo definida

A responsabilidade socioambiental surge da demanda de mercado, no qual, cada vez mais são os consumidores que delimitam a escolha de seus produtos e serviços, levando em conta a responsabilidade social e ambiental das empresas. Além disso, com a maturação do conceito de sustentabilidade, as empresas passam ater maior preocupação com a importância da responsabilidade socioambiental como ferramenta para destacar-se e aprimorar sua imagem junto aos seus stakeholders. Desta forma, às varias ações organizacionais que buscam promover o desenvolvimento em comprometimento com o meio ambiente e com as áreas sociais são cada vez mais imprescindíveis ao desenvolvimento organizacional. Além dessas discussões que acontecerão ao longo do evento, estarão em pauta e serão discutidas às ações relacionadas aos corpos hídricos marinhos e interiores, em seus aspectos teóricos e aplicados.
O congresso terá a participação de especialistas ligados às instituições de ensino e pesquisa da America Latina, além de profissionais ligados a órgãos governamentais, ambientais, da iniciativa privada e organizações não Governamentais - ONG’s.